Blogue de divulgação cultural, escrito por 28 pessoas. Um texto por dia, todos os dias.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Solidariedade e partilha

por Rute Melo


Estamos na época do ano em que todos falam em partilha e solidariedade. Embora o velho ditado diga que “ Natal é sempre que um homem quiser”, a realidade é que a maior parte das pessoas só se lembra destes valores na época natalícia.

Como professora/ educadora cabe-me também a mim transmitir estes valores aos meus alunos. Fazê-los compreender que é importante partilhar o que temos, seja muito ou pouco, com quem ainda tem menos que nós. Que é importante ser-se solidário, dar sem olhar a quem, e sem ter o interesse de receber algo em troca daquela pessoa. Pois, afinal, partilhar também é receber. É receber a alegria e a gratidão de alguém que conseguimos, por vezes, com um pequeno gesto, fazer feliz.

O espírito de solidariedade e partilha são, entre muitos outros, valores que nós, professores, falamos com os nossos alunos durante todo o ano letivo, sempre que surge alguma situação específica, ou nas aulas de Cidadania. No entanto, é na época de Natal que se lhes dá mais relevância, principalmente, quando nas escolas se faz recolha de bens alimentares, para organização de cabazes, de brinquedos e livros usados, para serem doados a outras crianças; entre tantas outras iniciativas.



Felizmente, a escola onde leciono promove algumas destas iniciativas, e geralmente os alunos são bastante participativos. Contudo, qual não foi o meu espanto, este ano, ao ver as reações e comentários de algumas crianças quando abordadas sobre este assunto. Foi com muita tristeza que percebi que algumas das crianças com mais possibilidades económicas foram as que menos contribuíram e, pior que isto, não deram a mínima importância ao assunto. O importante, para estes alunos, era se no Natal iam receber ou não as ofertas que pediram aos pais, como por exemplo um mp4, um iPad, uma Play Station3, entre muitas outras coisas.

E eu perguntei-me “Onde está o espírito de solidariedade e de partilha destas crianças? Será que não ficou nada daquilo que nós lhes falamos sobre os valores?” Por outro lado, alegrou-me muito ver que alguns dos meus alunos, mesmo com certa dificuldade, conseguiram tirar, do pouco que têm, algo para partilhar com quem ainda tem menos que eles.

Talvez seja necessário repensar os valores. O modo como estes são transmitidos e postos em prática, não só pelos nossos alunos, mas também pela nossa sociedade em geral e, talvez, por nós próprios. Contudo, e voltando ao exemplo supracitado, de alguns alunos da minha escola, ainda existem grandes corações, onde cabe sempre mais um e onde impera a grandeza da partilha e da solidariedade.

Sem comentários:

Enviar um comentário