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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A crise e os direitos humanos

por Luís Noronha


10 de dezembro de  1948. No balanço de uma das mais sangrentas guerras da humanidade, a nova Organização das Nações Unidas, aprovou a Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH).



A declaração proclama vários princípios como os da igualdade, justiça, paz e liberdade. Considera a LIBERDADE como a expressão de ser livre de ter uma crença, de expressão de opinião e também ser livre do medo e da miséria.



Na primeira metade do século XX, o mundo viveu períodos de guerras de crueldade enorme. Na segunda metade o equilíbrio entre as grandes potências “criou” teatros de guerra regionais, onde aquelas se confrontaram para alargar ou consolidar as suas zonas de influência.  

O sistema internacional não tende para a estabilidade. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, o nosso compatriota António Guterres, afirmou que a desigualdade é a maior ameaça à paz no Mundo. A ameaça à paz não envolve apenas o conflito declarado entre países. Cada vez mais se acentuam as desigualdades dentro dos próprios países. A DHDU previne que a rebelião pode ser o último recurso do Homem contra a tirania e o atropelo ao Direito.

O brasileiro Paulo Roberto de Almeida, doutorado em Ciências Sociais e diplomata, considera que o início do século XXI se caracteriza por não ter uma situação equitativa, segura e estável que garanta um padrão de vida aos cidadãos e que os coloque ao abrigo de ruturas na ordem política, do bem-estar económico, segurança pessoal e refere as ameaças à paz, à democracia e condições materiais mínimas de desenvolvimento humano. Acrescenta que “Se o espectro de guerras globais entre as principais potências parece felizmente afastado, conflitos regionais, guerras civis, instabilidade económica e política e desigualdades sociais persistentes ainda constituem realidades frequentes no cenário atual, com uma incidência mais aguda nos chamados Estados falidos.” (1)

Os direitos que os cidadãos já alcançaram não podem ser ignorados pelo Estado, sob o risco de se agravarem as ruturas que provoquem contendas internas de alcance imprevisível. O Estado e os seus governantes existem para proteger os seus cidadãos e não os interesses de um sistema financeiro egoísta que tende a praticar novas e sofisticadas formas de agiotagem.

A atual defesa dos direitos humanos exige a defesa dos princípios de há 64 anos, que defendem os direitos à educação, ao trabalho, à segurança social, à igualdade perante a lei, ao acesso aos serviços públicos.

É importante que esta declaração contrarie a tendência atual e que é constantemente inculcada nos cidadãos, de que cada Estado tem de contrair as suas despesas de acordo com os resultados económicos. Ela proclama que os direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade obrigam ao esforço nacional, mas também à cooperação internacional!


É essa cooperação que estamos assistindo na União Europeia? A falta de colaboração entre os Estados europeus, reconhecendo os interesses recíprocos e não apenas o poder do mais forte é a principal ameaça aos direitos humanos, porque acentua as desigualdades e a injusta espoliação de direitos.


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