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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Três pequenos rebuçados

por Isabel Chalupa

Hoje optarei por um artigo diferente. Distinto das usuais interrogações e especulações, distinto da habitual crítica ao estado actual da cinematografia contemporânea. Hoje analisarei muito curtamente alguns dos meus filmes favoritos. Três obras leves e divertidas, todas baseadas em sucessos da literatura, que deixarão toda a gente um pouco mais feliz.

Stardust – O Mistério da Estrela Cadente (Stardust) – Stardust
Tristan Thorn (Charlie Cox) é um jovem habitante da aldeia de Wall, cujo muro (wall) separa o nosso mundo do mundo mágico. Um dia, quando Victoria (Sienna Miller), a rapariga de quem ele gosta, lhe promete a sua mão em casamento em troca de uma estrela que acabou de cair, Tristan parte na direcção do outro lado do muro em busca do precioso objecto que deseja levar à sua amada. Porém, esta estrela não é bem o objecto de metal morto que se poderia pensar...

Michelle Pfeiffer e Robert De Niro são os nomes mais sonantes de um elenco recheado de estrelas, entre elas Claire Danes, Ricky Gervais, Mark Strong, Peter O’Toole e Ben Barnes. Porém, os pontos fortes deste filme não se ficam pelos actores... Com uma história diferente e muito original, afastando-se correctamente da obra que lhe empresta a premissa e efeitos especiais de grande qualidade, Stardust revela-se uma surpresa extremamente agradável, especialmente para aqueles que leram o livro anteriormente – e que, como eu, o consideraram muito fraco.

A banda sonora está fabulosa e a Fotografia dá o maravilhoso tom de fantasia ao filme. A química entre Danes e Cox é brilhante, Pfeiffer tem um dos papéis da sua vida, De Niro tem uma performance absolutamente fantástico e Strong faz aquilo em que é melhor: desempenha um vilão. No seu todo, um filme muito doce, criativo e divertido, que nos deixa muito bem-dispostos e nos faz acreditar no amor mais uma vez... O meu filme preferido.

A Vida Num Só Dia (Miss Pettigrew Lives for a Day) – Miss Pettigrew Lives for a Day
Seguindo o tom mais leve com que iniciei este grupo de análises, parto para a história de Miss Guinevere Pettigrew (Frances McDormand), uma governanta que salta de despedimento em despedimento à velocidade da luz. Quando se vê uma vez mais no olho da rua, avista aquela que pode ser a sua derradeira oportunidade: arrecada um trabalho originalmente atribuída a uma colega, julgando tratar-se de mais um trabalho de ama-seca. Porém, está redondamente enganada: a extravagante cantora Delysia Lafosse (Amy Adams) precisa de uma “secretária social” e, fascinada com Miss Pettigrew, contrata-a no momento. Assim, a preceptora de meia-idade é arrastada para o mundo da alta-sociedade, sendo que terá de proteger a excêntrica e ingénua Miss Lafosse dos três homens que a rodeiam (Lee Pace, Mark Strong e Tom Payne) e a si própria dos encantos de Joe (Ciarán Hynds) e da sua venenosa noiva Edythe (Shirley Henderson).

Os nomes deste elenco são (quase) todos pesos-pesados do cinema, uns mais especializados em certos papéis que outros e todos nas personagens que lhes são mais indicadas. Amy Adams está fabulosa (como sempre, aliás), assim como Frances McDormand, num papel diferente das habituais loucuras e que a distingue como uma actriz de eleição. O quadrado amoroso que amarra Delysia está muito bem conseguido, com o falido Michael (Pace), o mulherengo Phil (Payne) e o vilanesco Nick (Strong) a envolverem-se numa dança impecavelmente musicada que nos fascina e nos mantém presos do início ao fim.

Na outra faceta do filme, um romance mais maduro entre Miss Pettigrew e Joe, que reflectem, juntamente com todos nós, sobre a guerra e a forma como esta fascina os jovens que nunca conheceram o seu horror. Pelo meio, um maravilhoso momento musical protagonizado por Adams e Pace (If I Didn’t Care) e uma fotografia que se adapta aos diversos momentos do filme. A Vida Num Só Dia é uma obra cujo potencial cómico não se insere em insignificantes piadas, mas nas situações que vivemos lado a lado com as suas personagens, que nos cativam e enfeitiçam no seu mundo cheio de vida, brilho e cor e de uma humanidade imensa.

Ela é Fácil (Easy A) – The Scarlett Letter
Olive Penderghast (Emma Stone) é uma rapariga pouco social de peito de tamanho abaixo da média e com uma inteligência impressionante. Desenganem-se: esta não é mais uma história de adolescentes preteridos que se sentem invisíveis neste mundo hierarquizado com base na popularidade de cada um. Não. Esta é a história da falsa história criada acerca da perda de virgindade de Olive para um rapaz da Universidade – e de como a própria conseguiu baralhar-se o suficiente para tornar uma pequena mentira num rumor de proporções épicas. E para isso, contou com a “ajuda” da amiga Rhiannon (Aly Michalka), da ultra-religiosa Marianne (Amanda Bynes), do amigo Brandon (Dan Byrd) e da conselheira educativa (Lisa Kudrow) e com o auxílio sincero de Todd (Penn Badgley), do seu professor favorito (Thomas Hayden Church) e dos pais loucos mas com um coração enorme (Stanley Tucci e Patricia Clarkson).

Easy A é Emma Stone. Tucci, Clarkson, Badgley, Michalka, Byrd, Kudrow e Hayden Church são um elenco secundário excelente capaz de elevar a sua protagonista, todos comicamente fortíssimos e com grande carisma. Contudo, a actriz principal é a grande estrela do filme, que se apoia inteiramente no seu enorme talento, química com todos os outros actores e cativante presença no ecrã. Esta obra é o exemplo perfeito de como se pode usar músicas actuais e que no entanto servem como contraponto ideal à imagem. O argumento inteligente e recheado de referências deliciosas complementa muito bem a grande interpretação de Emma Stone e a realização personalizada acerta em todos os momentos do filme.
Em suma, Easy A é uma obra dos tempos modernos que olha com nostalgia para os tempos passados. Uma homenagem aos grandes sucessos teen dos anos 80 realizados por John Hughes, este filme agradará a jovens e adultos em partes iguais. Com um elenco secundário de luxo e, claro, uma protagonista estelar, é uma película a não perder. Genial!

Três filmes absolutamente obrigatórios para quem gosta de se sentir bem. Três histórias baseadas em obras literárias que se tornaram sucessos imediatos junto da crítica e do público em geral. Três sorrisos. Três comédias. Três amores. Três mundos distintos que nos invadem e nos encantam e nunca mais nos deixarão ser os mesmos. Para ver e rever. E rever e rever e rever...

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