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domingo, 25 de novembro de 2012

Superman: o homem de carne e osso

por Rui Filipe


Mantendo a atitude que mostrei na minha última participação (e que espero vir a ser identificada comigo) volto mais uma vez a falar dessa mitologia contemporânea que é a banda-desenhada.

Desta vez, saindo da penumbra dos becos de Gotham, e olhando para as luminosas ruas de Metropolis, veremos agora o Homem de Aço que é possivelmente o herói de banda desenhada mais conhecido de sempre – o Super-Homem.

Tendo este título é quase impossível falar-se dele sem haver um grande conjunto de pessoas que já saiba bastante acerca deste herói. Conhece-se tudo: desde a sua introdução (“um avião? Um pássaro?”) até à sua origem alienígena, passando, pois claro, pelo seu amplo cartório de super-poderes quase ridículo. Porém, em tudo isto, existe uma parte importantíssima que é discriminada. 

Até aqui, isto que foi dito versa apenas acerca do Super que é a primeira parte do seu nome, a segunda parte mais importante, a do Homem, que faz o cerne do personagem, é muitas vezes discriminada pela maioria dos leitores. Ora, foi exactamente isto que estava na mente do grande autor Alan Moore (esse mago dos tempos modernos) numa das suas mais célebres histórias acerca do kriptoniano – Whatever happen to the man of tomorrow.

Eu bem disse que ele era um mago

Numa história, que é apresentada a titulo de hipótese, aparece-nos uma imagem invulgar – uma estátua póstuma em memória de Super-Homem num mundo onde as pessoas por vezes ainda vêm algo no céu, mas ou é apenas um pássaro ou é apenas um avião. Com um início tão inesperado só falta então saber todos os acontecimentos que o nosso herói viveu  perto da sua derradeira hora.

Tal como seria de esperar nada nele se apresenta em falha, continua a ser aquele símbolo altruísta incapaz de ser corrompido, tradutor de tudo o que é louvável na humanidade. Porém, por alguma causa desconhecida acontece o impossível – ele vê-se encurralado numa situação onde os seus piores medos tornam-se realidade. 

Os seus inimigos tornam-se incompreensivelmente violentos e, acima de tudo, começam a tornar aqueles que lhe são próximos como alvos.

 Isto, tal como foi salientado, não é um ataque ao heroi na sua supremacia, mas sim ao homem que se situa por detrás dele e que acaba por lhe dar forma. É neste contexto que surgem os momentos mais bizarros, mas também os mais interessantes, que se podem esperar numa banda desenhada em que um Super-Homem danificado nos aparece mostrando os seus medos mais secretos (que na sua maioria não divergem dos nossos). 

No que toca ao final de toda esta trama, querendo apimentar a curiosidade dos possíveis leitores, não falarei de nada em concreto, apenas direi que um homem sobre tensão acaba eventualmente por ter de abdicar de parte de si para poder continuar, seja super ou não.




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