Mantendo a atitude que mostrei na minha última
participação (e que espero vir a ser identificada comigo) volto mais uma vez a
falar dessa mitologia contemporânea que é a banda-desenhada.
Desta vez, saindo da penumbra dos becos de Gotham,
e olhando para as luminosas ruas de Metropolis, veremos agora o Homem de Aço
que é possivelmente o herói de banda desenhada mais conhecido de sempre – o
Super-Homem.
Tendo este título é quase impossível falar-se
dele sem haver um grande conjunto de pessoas que já saiba bastante acerca deste
herói. Conhece-se tudo: desde a sua introdução (“um avião? Um pássaro?”) até à sua origem alienígena, passando, pois
claro, pelo seu amplo cartório de super-poderes quase ridículo. Porém, em tudo
isto, existe uma parte importantíssima que é discriminada.
Até aqui, isto que
foi dito versa apenas acerca do Super que é a primeira parte do seu nome, a
segunda parte mais importante, a do Homem, que faz o cerne do personagem, é
muitas vezes discriminada pela maioria dos leitores. Ora, foi exactamente isto
que estava na mente do grande autor Alan Moore (esse mago dos tempos modernos)
numa das suas mais célebres histórias acerca do kriptoniano – Whatever happen to the man of tomorrow.
Eu bem disse que ele era um mago |
Numa história, que é apresentada a titulo de
hipótese, aparece-nos uma imagem invulgar – uma estátua póstuma em memória de
Super-Homem num mundo onde as pessoas por vezes ainda vêm algo no céu, mas ou é
apenas um pássaro ou é apenas um avião. Com um início tão inesperado só falta
então saber todos os acontecimentos que o nosso herói viveu perto da sua derradeira hora.
Tal como seria de esperar nada nele se apresenta
em falha, continua a ser aquele símbolo altruísta incapaz de ser corrompido, tradutor
de tudo o que é louvável na humanidade. Porém, por alguma causa desconhecida
acontece o impossível – ele vê-se encurralado numa situação onde os seus piores
medos tornam-se realidade.
Os seus inimigos tornam-se incompreensivelmente
violentos e, acima de tudo, começam a tornar aqueles que lhe são próximos como
alvos.
Isto, tal como foi salientado, não é um ataque ao heroi na sua
supremacia, mas sim ao homem que se situa por detrás dele e que acaba por lhe
dar forma. É neste contexto que surgem os momentos mais bizarros, mas também os
mais interessantes, que se podem esperar numa banda desenhada em que um
Super-Homem danificado nos aparece mostrando os seus medos mais secretos (que
na sua maioria não divergem dos nossos).
No que toca ao final de toda esta
trama, querendo apimentar a curiosidade dos possíveis leitores, não falarei de
nada em concreto, apenas direi que um homem sobre tensão acaba eventualmente
por ter de abdicar de parte de si para poder continuar, seja super ou não.
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