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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Looper - Reflexo Assassino: Uma Crítica

por Jorge Diniz

Uma das estreias do mês passado foi Looper, de Rian Johnson. Ao que parece, este filme de ficção científica/acção causou um burburinho nos media, que já o chamam de o filme mais original do ano. Será?

Contém spoilers!

Looper passa-se num presente -que é nosso futuro, 2044- e apresenta-nos um grupo de assassinos, chamados Loopers, que trabalham para a máfia. No entanto as suas vítimas são enviadas trinta anos do futuro para o presente com o intuito de as fazerem desaparecer de forma limpa. Neste presente, desenvolveu-se uma mutação nos humanos que os permite serem portadores de telecinese. Um factor importante para o desenvolver da história mas, a meu ver, um pouco fora de contexto e introduzido de uma forma quase forçada.

A premissa é esta e já por si revela uma originalidade rara nos dias actuais. Rian Johnson, um realizador novato (que nos trouxe Brick e Os Irmãos Bloom) é também, aqui, argumentista, consegue tornar esta ideia simples de viagens no tempo num novelo de paradoxos quando deixa que o personagem principal se encontre com o seu futuro. Johnson mostra-se ser capaz de controlar este acaso e o desenrolar da história preocupando-se, acima de tudo, com a construção das personagens e os diálogos  exímios, que são, muitas vezes, esquecidos neste género de películas.

O ambiente noir criado por Johnson, doseado com uma boa dose de acção sensata, custa, por vezes, avançar no tempo. No entanto, possui uma boa fotografia e uns planos de câmara originais, de alguém que ainda anda a experimentar.

Joseph Gordon-Levitt é Joe, o looper principal, que personifica um Bruce Willis mais novo, isto porque, Willis é o Joe do futuro. O trabalho de JGL está fantástico ao tentar não imitar um Bruce Willis dos anos 80 e os efeitos especiais que o caracterizam foram muito bem produzidos, tornando o personagem do actor muito credível. Willis, já regular na ficção científica (Os Substitutos; 12 Macacos; 5ºElemento) é um Joe condenado pelo amor que decide aparecer para matar o rei do crime do futuro, obrigando o Joe do presente a passar pelas lições da idade e do amor. O trabalho de Bruce Willis é mais do mesmo e Levitt sai a ganhar.

Quem surpreende, também, é Emily Blunt, num papel de mãe preocupada e enigmática (especialmente no terceiro acto) que se torna mais que do que a “menina indefesa do herói”. Além disso, há também as agradáveis participações de Paul Dano e Jeff Daniels.

Com algumas referências a filmes do género, Johnson dirige e escreve de forma espantosa de modo semelhante ao que Cristopher Nolan fez com A Origem há uns anos atrás. O que se extrai de Looper é a coragem e dedicação do “jovem” Johnson em criar um conto original e não uma adaptação ou uma sequela ou um remake.


A SENTENÇA: Um filme de ficção científica inteligente e com estilo, bem escrito e realizado que, embora não sendo perfeito e tendo algumas falhas, ganha por colmatar o que é actualmente feito neste género. É por isso o filme de ficção científica mais original de 2012.

8/10

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