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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Educar com arte


por Fátima Sousa

Felizmente, o nosso século fica marcado, no contexto educativo, por uma tentativa de estender e ampliar a educação a todas as dimensões humanas, sem subestimar nenhuma delas.
À clássica "educação da inteligência" e à inovadora "educação da sensibilidade" tem sido dada relevância, tanto quanto possível equitativa. Já não se visa apenas transformar a criança num homem inteligente, sem imperfeições ao nível do raciocínio lógico, mas, muito para além disso, pretende-se hoje um desenvolvimento estável e harmonioso do indivíduo como um ser total. Neste ser total há que considerar o desenvolvimento biopsicossocial em que incluímos o desenvolvimento de novas aptidões como a capacidade de adaptação ao meio e de relação com os outros.
            Educar é mais do que preparar alunos para fazer exames, mais do que fazer decorar a tabuada, mais do que saber papaguear ou aplicar fórmulas matemáticas. É ajudá-los a entender o mundo, a realizarem-se como pessoas, muito para além do tempo da escolarização.
Defendo ferozmente que a educação através da arte é um importante trabalho educativo, pois procura, através das tendências individuais, encaminhar a formação do gosto, estimula a inteligência e contribui para a formação da personalidade do indivíduo, sem ter como preocupação única e mais importante à formação de pessoas completas.
Preocupo - me quando penso que ao longo da vida, o ser humano é inundado por conhecimentos pré-fabricados, como se de um livro de receitas se tratasse. Todos os instrumentos de uma vida prática parecem imunes às livres reproduções de valores, ideias e ideais. Havendo apenas uma repetição, não há espaço para os sonhos, fantasias e experimentação. Não sobra lugar para criar, ocasionando uma transmissão de respostas prontas e conservadas. Sem a oportunidade de realizar algo novo, que exprima simplesmente o que nós realmente somos, há o contínuo exercício das respostas determinadas e acabadas. O ato criador é renegado, abandonado e esta postura repetitiva cerceia a capacidade criadora, reflexiva e sensorial.

Para a plena formação do indivíduo há que ter em conta um desenvolvimento holístico com ênfase em todos os aspetos “bio-psico-socio-cultural” do indivíduo, incentivando o aluno a querer agir, levando-o a experienciar o maior número de coisas possíveis em contexto de aula. A educação através da arte potencia a criatividade, flexibilidade, responsabilidade e capacidade de questionamento.
A Arte é a expressão da vida que, associada ao processo de criação, transforma-se na capacidade de exercer plenamente a condição de ser humano. A Arte favorece o desenvolvimento integral do indivíduo, possibilitando a expressão livre do pensamento e das emoções, desenvolvendo seu raciocínio com criatividade e imaginação. Criando, o indivíduo torna-se mais seguro dos seus potenciais e consciente dos seus limites; torna-se mais autêntico e livre para fazer suas escolhas.



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