por Fátima Sousa
Felizmente,
o nosso século fica marcado, no contexto educativo, por uma tentativa de
estender e ampliar a educação a todas as dimensões humanas, sem subestimar
nenhuma delas.
À
clássica "educação da inteligência" e à inovadora "educação da
sensibilidade" tem sido dada relevância, tanto quanto possível equitativa.
Já não se visa apenas transformar a criança num homem inteligente, sem
imperfeições ao nível do raciocínio lógico, mas, muito para além disso,
pretende-se hoje um desenvolvimento estável e harmonioso do indivíduo como um
ser total. Neste ser total há que considerar o desenvolvimento biopsicossocial
em que incluímos o desenvolvimento de novas aptidões como a capacidade de
adaptação ao meio e de relação com os outros.
Educar
é mais do que preparar alunos para fazer exames, mais do que fazer decorar a
tabuada, mais do que saber papaguear ou aplicar fórmulas matemáticas. É ajudá-los a entender o mundo, a
realizarem-se como pessoas, muito para além do tempo da escolarização.
Defendo
ferozmente que a educação através da arte é um importante trabalho educativo,
pois procura, através das tendências individuais, encaminhar a formação do
gosto, estimula a inteligência e contribui para a formação da personalidade do
indivíduo, sem ter como preocupação única e mais importante à formação de
pessoas completas.
Preocupo
- me quando penso que ao longo da vida, o ser humano é inundado por
conhecimentos pré-fabricados, como se de um livro de receitas se tratasse.
Todos os instrumentos de uma vida prática parecem imunes às livres reproduções
de valores, ideias e ideais. Havendo
apenas uma repetição, não há espaço para os sonhos, fantasias e experimentação.
Não sobra lugar para criar, ocasionando uma transmissão de respostas prontas e
conservadas. Sem a oportunidade de realizar algo novo, que exprima simplesmente
o que nós realmente somos, há o contínuo exercício das respostas determinadas e
acabadas. O ato criador é renegado, abandonado e esta postura repetitiva cerceia
a capacidade criadora, reflexiva e sensorial.
Para
a plena formação do indivíduo há que ter em conta um desenvolvimento holístico
com ênfase em todos os aspetos “bio-psico-socio-cultural” do indivíduo,
incentivando o aluno a querer agir, levando-o a experienciar o maior número de
coisas possíveis em contexto de aula. A educação através da arte potencia a criatividade,
flexibilidade, responsabilidade e capacidade de questionamento.
A
Arte é a expressão da vida que, associada ao processo de criação, transforma-se
na capacidade de exercer plenamente a condição de ser humano. A Arte favorece o
desenvolvimento integral do indivíduo, possibilitando a expressão livre do
pensamento e das emoções, desenvolvendo seu raciocínio com criatividade e
imaginação. Criando, o indivíduo torna-se mais seguro dos seus potenciais e
consciente dos seus limites; torna-se mais autêntico e livre para fazer suas
escolhas.
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