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sábado, 10 de novembro de 2012

Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento


por Miguel Furtado

Com vista à melhoria da qualidade de vida, a Ciência tem produzido inovações de grande importância para a humanidade e, como tal, desempenha um papel determinante na sociedade. Hoje, dia 10 de Novembro, comemora-se o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento, estabelecido pela UNESCO em 2001, constituindo uma ocasião para ponderar sobre a sua influência nestes contextos.

Actualmente enfrentam-se crises sociais, ambientais e económicas por todo o mundo. Salvaguardar os recursos e processos naturais da Terra para garantir o bem-estar da civilização, reduzir os conflitos entre nações ou combater a pobreza são considerados grandes desafios a ultrapassar.


Um dos objectivos deste dia é promover o uso da ciência em proveito da sociedade e, desta forma, ajudar a satisfazer as suas necessidades, sem que dele ocorram consequências prejudiciais futuras, i.e., mostrar a sua importância na construção de sociedades sustentáveis. Uma aposta mais séria no desenvolvimento científico neste âmbito em específico, poderia permitir que, por exemplo, a reciclagem se tornasse a principal “fonte” de matéria prima ou que produtos até agora descartáveis passassem a durar por um longo período de tempo, reduzindo a quantidade de resíduos. Ou que os transportes se tornassem limpos e se substituísse muitos dos veículos particulares por públicos, bicicletas, segways, andar a pé, etc. Que a energia fosse fornecida unicamente por processos renováveis altamente rentáveis e que cada um pudesse produzi-la facilmente, descentralizado o negócio energético e eliminando todos os factores negativos que lhe estão associados actualmente. População saudável, ordenamento do território eficaz, preservação dos espaços verdes, inexistência de poluição, redução da distância entre ricos e pobres fruto da partilha do conhecimento científico… A lista de benefícios que se consegue imaginar é bastante extensa. Obviamente que, no presente, os exemplos aparentam ser algo futurista e corresponder a uma idealização perfeita, mas impossível de se realizar. De facto, a ciência sozinha não basta, no entanto, efeitos positivos poderão começar a surgir, se ocorrer uma forte colaboração entre esta, a própria sociedade e a política no sentido da sustentabilidade.


Outro grande objectivo é favorecer o intercâmbio internacional da ciência de modo a fomentar a paz. Pode-se relacionar o pensamento científico com a possibilidade de analisar e explicar questões das mais diversas ordens a partir de perspectivas variadas, de forma crítica e livre, o que é essencial num mundo democrático. Nesta linha de ideias, a comunidade científica promove a solidariedade intelectual e moral, uma vez que cientistas de todos os pontos do planeta estão em contacto permanente, trocando dados, discutindo-os de forma saudável ou simplesmente convivendo, seja pessoalmente, como acontece em centros de investigação internacionais, seja à distância, estabelecendo ligação entre os diferentes países. A cooperação mundial entre os cientistas é um facto e constitui uma base sólida para o estabelecimento de relações amigáveis e pacíficas entre as nações. De realçar que o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento já gerou projectos de intercâmbio científico entre regiões marcadas por conflitos, como Israel e Palestina (IPSO – Israeli-Palestinian Science Organization).

"I call today on governments, civil society, public and private actors, well beyond scientific circles, to mobilize so as to release the full potential of all sciences for development and peace, which are inseparable and essential for the future that we want."
Message from Irina Bokova, Director-General of UNESCO
on the occasion of the World Science Day for Peace and Development
10 November 2012

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