E esta sexta, em dia de estreia nacional (e
mundial) do novo James Bond, Skyfall, lá fui eu ao cinema prestar a minha
homenagem à grande saga que adoro e da qual nunca tinha visto nenhum filme nas
salas de cinema e que faz este ano o 50º aniversário. Decorria o ano de 1962
quando o primeiro filme estreou pela pele do eterno Sean Connery em Dr. No.
E bem, depois de sair da sala, fica a questão: É
um bom filme e será que faz uma boa homenagem aos 50 anos? E as respostas são
ambas positivas. Sam Mendes conseguiu criar um filme visualmente muito
apelativo, principalmente em termos de cenários e jogos de luzes, com muito
crédito a ter de ser dado ao director de fotografia. Uma pequena parte do filme
decorre em Xangai e Macau, essas terras onde se escreve com gatafunhos, há
luzes coloridas por todo o lado e existe a magia oriental no ar. Aí temos umas
das melhores partes, onde chegamos a ter uma cena de luta às sombras, num
arranha-céus em Xangai, apenas com os contornos dos intervenientes recortados
por projeções e efeitos de luzes no edifício da frente.
Por outro lado, o filme é bastante fluído, bem
ritmado e cheio de acção, sem por isso descurar na classe e no estilo de
gentleman britânico. Apesar de o
argumento não ser nada por aí além, e até ser um dos Bonds com a história mais
simples, mostra que é possível fazer um bom filme (mesmo fora do contexto da
saga) diferente dos anteriores, mas sem deixar de ser fiel aos seus princípios.
O Javier Barden está muito bem caracterizado e empresta corpo a um vilão mais
bem construído, que apesar de não ser tão megalómano como alguns dos vilões das
primeiras décadas de Bond, é mais arrojado do que os seus antecessores em
Casino Royale e Quantum of Solace. E aqui, Bond volta a fazer uso da típica
frase "Bond, James Bond" que, vá-se lá saber porquê, tinha ficado
ausente no último filme. No contexto humorístico, voltamos a ter uma ou outra
piada, situação rara ou mesmo inexistente nos últimos dois filmes, mas que era
uma imagem de marca da saga.
Podemos contar com um
Bond que mostra o seu lado mais negro (e todo o filme anda um pouco à volta das
sombras, aqui com duplo sentido) e que às vezes, aponta que a maneira antiga é
melhor. Por isso, ele é visto a fazer a barba à navalha (já fiz uma ou outra
vez e confirmo que fica muito melhor!) e até chega a conduzir o velhinho Aston
Martin DB5 dos filmes antigos, porque os novos têm sensores de localização e
ele quer "sair do alcance". Mais uma vez, é feita a referência aos
clássicos de forma sublime e não se pode dizer que pareça forçada.
Por outro lado, temos o
regresso das personagens Q e Moneypenny à franquia, o que anima os fãs e deixa
a cereja no topo do bolo. Em suma, é um filme para todos, que evoca a magia de
meio século do espião mais famoso do mundo, num regresso a Londres alvo de um
ataque terrorista, e que põe a nú o facto que os inimigos já não são nações ou
impérios com uma bandeira, mas indivíduos à margem, na sombra e que actuam por
conta própria. Acção, piadas, óptimos efeitos visuais, grandes cenários, bom
guarda-roupa, o clássico Aston Martin, Bond girls e o martini da praxe são
todos bem mexidos, mas não agitados neste bonito cocktail. Na verdade pouco
mais há a dizer senão que vão ver, e tirem as vossas conclusões.
E não esquecer o belo do genérico que me deixou boquiaberto quer musical e visualmente e que só faz lembrar Tim Burton :)
ResponderEliminarEu por acaso acho que já vi genéricos melhores. Acho que o do Casino Royale estava espectacularmente bom. Este, não sei... houve ali coisas que não gostei.
ResponderEliminarE existe muita coisa que ainda fica por comentar. Recordo-me agora por exemplo da piada do James Bond sobre o objecto da secretária da M que sobreviveu à explosão. Foi risada geral na minha sessão xD
Ótima crítica, concordo com cada palavra.
ResponderEliminarO único ponto negativo para mim foi o genérico, muito fraco e a música pouco ajudou.
Gostei muito de como conseguiram trazer de volta o Bond mais clássico. A conjugação dos personagens foi muito bem feita, principalmente a importância dada a ligação de Bond com M.
O vilão Silva esteve excelente, de realçar a cena mais engraçada logo na sua primeira aparição, quando faz insinuações homossexuais a Bond! xD
Outra coisa que chamou muito a atenção foram os lugares das filmagens, espetaculares!
Gostei de voltarem um pouco ao estilo Bond mas conseguindo trazer coisas novas, essa conjugação era necessária para conseguir sobreviver mais 50 anos.
Exacto Pedro. Apesar de cenas em Londres ser muito engraçado, a saga ficou famosa por mostrar grandes destinos turísticos e belas paisagens. Se o filme da comemoração dos 50 anos fosse todo "passado em casa", não estaria a fazer jus à sua memória ;)
ResponderEliminarNão consigo entender como é que olham para este "James Bond" e o acham inglês. Para mim tem cara de russo e isso estraga logo o filme.
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