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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Regresso de James Bond (ou como manter uma saga durante 50 anos)

por David N.


E esta sexta, em dia de estreia nacional (e mundial) do novo James Bond, Skyfall, lá fui eu ao cinema prestar a minha homenagem à grande saga que adoro e da qual nunca tinha visto nenhum filme nas salas de cinema e que faz este ano o 50º aniversário. Decorria o ano de 1962 quando o primeiro filme estreou pela pele do eterno Sean Connery em Dr. No.

E bem, depois de sair da sala, fica a questão: É um bom filme e será que faz uma boa homenagem aos 50 anos? E as respostas são ambas positivas. Sam Mendes conseguiu criar um filme visualmente muito apelativo, principalmente em termos de cenários e jogos de luzes, com muito crédito a ter de ser dado ao director de fotografia. Uma pequena parte do filme decorre em Xangai e Macau, essas terras onde se escreve com gatafunhos, há luzes coloridas por todo o lado e existe a magia oriental no ar. Aí temos umas das melhores partes, onde chegamos a ter uma cena de luta às sombras, num arranha-céus em Xangai, apenas com os contornos dos intervenientes recortados por projeções e efeitos de luzes no edifício da frente.

Por outro lado, o filme é bastante fluído, bem ritmado e cheio de acção, sem por isso descurar na classe e no estilo de gentleman britânico.  Apesar de o argumento não ser nada por aí além, e até ser um dos Bonds com a história mais simples, mostra que é possível fazer um bom filme (mesmo fora do contexto da saga) diferente dos anteriores, mas sem deixar de ser fiel aos seus princípios. O Javier Barden está muito bem caracterizado e empresta corpo a um vilão mais bem construído, que apesar de não ser tão megalómano como alguns dos vilões das primeiras décadas de Bond, é mais arrojado do que os seus antecessores em Casino Royale e Quantum of Solace. E aqui, Bond volta a fazer uso da típica frase "Bond, James Bond" que, vá-se lá saber porquê, tinha ficado ausente no último filme. No contexto humorístico, voltamos a ter uma ou outra piada, situação rara ou mesmo inexistente nos últimos dois filmes, mas que era uma imagem de marca da saga.                                    
Podemos contar com um Bond que mostra o seu lado mais negro (e todo o filme anda um pouco à volta das sombras, aqui com duplo sentido) e que às vezes, aponta que a maneira antiga é melhor. Por isso, ele é visto a fazer a barba à navalha (já fiz uma ou outra vez e confirmo que fica muito melhor!) e até chega a conduzir o velhinho Aston Martin DB5 dos filmes antigos, porque os novos têm sensores de localização e ele quer "sair do alcance". Mais uma vez, é feita a referência aos clássicos de forma sublime e não se pode dizer que pareça forçada.

Por outro lado, temos o regresso das personagens Q e Moneypenny à franquia, o que anima os fãs e deixa a cereja no topo do bolo. Em suma, é um filme para todos, que evoca a magia de meio século do espião mais famoso do mundo, num regresso a Londres alvo de um ataque terrorista, e que põe a nú o facto que os inimigos já não são nações ou impérios com uma bandeira, mas indivíduos à margem, na sombra e que actuam por conta própria. Acção, piadas, óptimos efeitos visuais, grandes cenários, bom guarda-roupa, o clássico Aston Martin, Bond girls e o martini da praxe são todos bem mexidos, mas não agitados neste bonito cocktail. Na verdade pouco mais há a dizer senão que vão ver, e tirem as vossas conclusões.

5 comentários:

  1. E não esquecer o belo do genérico que me deixou boquiaberto quer musical e visualmente e que só faz lembrar Tim Burton :)

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  2. Eu por acaso acho que já vi genéricos melhores. Acho que o do Casino Royale estava espectacularmente bom. Este, não sei... houve ali coisas que não gostei.
    E existe muita coisa que ainda fica por comentar. Recordo-me agora por exemplo da piada do James Bond sobre o objecto da secretária da M que sobreviveu à explosão. Foi risada geral na minha sessão xD

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  3. Ótima crítica, concordo com cada palavra.
    O único ponto negativo para mim foi o genérico, muito fraco e a música pouco ajudou.
    Gostei muito de como conseguiram trazer de volta o Bond mais clássico. A conjugação dos personagens foi muito bem feita, principalmente a importância dada a ligação de Bond com M.
    O vilão Silva esteve excelente, de realçar a cena mais engraçada logo na sua primeira aparição, quando faz insinuações homossexuais a Bond! xD
    Outra coisa que chamou muito a atenção foram os lugares das filmagens, espetaculares!
    Gostei de voltarem um pouco ao estilo Bond mas conseguindo trazer coisas novas, essa conjugação era necessária para conseguir sobreviver mais 50 anos.

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  4. Exacto Pedro. Apesar de cenas em Londres ser muito engraçado, a saga ficou famosa por mostrar grandes destinos turísticos e belas paisagens. Se o filme da comemoração dos 50 anos fosse todo "passado em casa", não estaria a fazer jus à sua memória ;)

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  5. Não consigo entender como é que olham para este "James Bond" e o acham inglês. Para mim tem cara de russo e isso estraga logo o filme.

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