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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Eleições Presidenciais Americanas

por Luís Noronha

Em Novembro próximo haverá a eleição do presidente dos Estados Unidos da América (EUA), que poderá ser o mesmo, caso seja eleito o recandidato presidente Barack Obama. É uma eleição que diz respeito a todos os cidadãos do mundo, sobretudo desde que implodiu o bloco soviético em 1989.

O globo deixou de estar dividido em dois grandes blocos e os EUA passaram a ter o papel de únicos “polícias do mundo”.

O processo de eleição é complicado, mantendo-se uma tradição que vem de 1787, quando havia apenas 13 Estados Federais, que elegeram representantes para um colégio eleitoral. Com os atuais 50 Estados, em cada um deles o sistema é diferente, em que a eleição de delegados pode ser, ou não, a de serem todos para o mesmo candidato que tiver obtido a maioria, mesmo que escassa, na votação popular.

Este sistema pode ter como consequência a eleição de um candidato que teve menos votação popular, mas que elegeu mais delegados, o que aconteceu na primeira eleição de George W. Bush, que teve menos votos do que Al Gore, mas venceu em Estados decisivos, porque nestes elegem os delegados todos para o mesmo candidato. Foi o que sucedeu no Estado da Florida, em que George W. Bush teve uma curta e contestada maioria de votos, mas, por isso mesmo, teve direito aos delegados todos, o que foi decisivo na sua eleição.

Antes da eleição há um longo processo de nomeação dos candidatos, dos que são propostos pelos partidos Democrático e Republicano, embora tenham sido inscritos cerca de 300 candidatos. Estes são propostos de forma diversa em cada Estado, onde normalmente se exige um número mínimo de proponentes, ou de signatários de candidaturas independentes ou propostos por outros partidos ou agremiações. Mas as possibilidades de terem sequer o seu nome inscrito no boletim de voto são praticamente nulas.

Para a nomeação de Barack Obama pelo Partido Democrático e de Mitt Romney pelo Partido Republicano, houve uma escolha em cada Estado, que culminou nas eleições primárias de cada Partido, em cada um deles. Em cada uma das eleições primárias foram escolhidos os delegados que elegem o candidato presidencial na Convenção Nacional do respetivo partido.

Os dois candidatos recolhem apoios e financiamentos de milhões de dólares, o apoio do poder económico é logo, à partida, uma condicionante para que alguém possa ter hipóteses de ser candidato e é determinante nas hipóteses de eleição.


Tradicionalmente o Partido Republicano é mais conservador e nas eleições de 2012 esse conservadorismo é influenciado pelo grupo do “tea party” que tem tido uma atuação nos últimos anos, de oposição na rua ao Governo de Barack Obama. Com a situação de maioria do Partido Republicano no Congresso, que inviabiliza uma boa parte das propostas da Administração, este grupo tem mobilizado o eleitorado republicano para ações de contestação, nomeadamente o objetivo de Obama de assegurar as prestações de cuidados de saúde a toda a população, sobretudo a que não tem dinheiro para pagar os seguros. É o chamado “Obama Care”.

O republicano Mitt Romney propõe-se cortar nas despesas do Governo Federal, nomeadamente na Educação, mas contraria a intenção de Barack Obama de cortar nas despesas militares. São dois exemplos reveladores das diferenças na política interna, os democratas defensores do maior apoio do Governo Federal às áreas sociais, enquanto os republicanos consideram que cada Estado deve ter o seu próprio modelo, defendendo a diminuição da despesa pública federal, com exceção no financiamento das Forças Armadas.

Na política externa, as diferenças não são marcantes, representando a ideia dominante na opinião pública americana que o seu modelo de vida e sistema político e económico tem de vigorar no resto do mundo. Pretendem manter e alargar o seu domínio, com a “boa intenção” de assegurar a sua escolha para os restantes povos, nem que seja necessário impô-la com a força da intervenção armada.

Por isso se diz que os cidadãos de todo o mundo deveriam ter uma palavra a dizer na eleição de alguém que mais ou menos diretamente vai querer interferir na sua vida.


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