Blogue de divulgação cultural, escrito por 28 pessoas. Um texto por dia, todos os dias.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

As Tunas

por Eugénia Melo


O nosso país possui uma forte tradição musical e as tunas são uma manifestação disso.

Um grupo de estudantes junta-se com uma paixão em comum: a música e a tradição académica.

Há muitos que refutam as tunas como um movimento cultural. A verdade é que as tunas são um pedacinho de Portugal ao qual nem todos dão o devido valor.

Ser da tuna não significa ser boémio ou ser mau aluno. Ser da tuna é muito mais que isso, é ter um sentimento de manter algo vivo dentro de si próprio e lutar para que esta tradição não morra. 

Cidades como Coimbra, Braga e Porto são conhecidas por uma maior força da tradição académica. Já na grande cidade de Lisboa essa tradição desvanece mais e muitos espetáculos passam despercebidos no meio das rotinas citadinas e dos próprios estudantes.

Fico grata pelos corajosos que sustêm esta música tão única para que possa ser ouvida e impetrada pelo povo português.

As tunas são, de algum modo, o fado português sem a saudade, são o fado alegre e bem-disposto.

Com alguma pena minha, não pertenço nem nunca pertenci a uma tuna, mas pelo que vejo é preciso ter um bom sentido e organização e liderança, de paternidade (dos mais velhos perante os mais novos), de amizade, espírito de equipa. A verdade é que isto contrasta completamente com o sentimento preponderante individualista e competitivo entre os estudantes das universidades. Quando os membros da tuna saírem da universidade e começarem a trabalhar num emprego monótono onde é cada um por si, vai ser aquele em quem os outros se apoiarão, porque ele sabe, ele aprendeu como estar num grupo onde há que transmitir alegria e espírito positivo!

Ninguém na faculdade se preocupa se estamos tristes ou deprimidos, sobrecarregados com trabalhos. Na faculdade somos um número a mais. Na tuna temos um nome, uma função especial, um instrumento com a sua parte, um tom de voz. Na tuna o estudante é especial, mesmo que seja o ‘caloiro maltratado’.

Quem pertence à tuna transmite esse espírito à faculdade e esse é o verdadeiro espírito académico que os nossos estudantes não podem deixar morrer.

Sem comentários:

Enviar um comentário